‘É o primeiro registro na Amazônia’, diz pesquisadora sobre encalhe de cachalote-pigmeu morto, no AP


Animal foi encontrado por morador na terça-feira (25) na praia do Goiabalinho, em Calçoene. Pesquisadores do Iepa foram para o local recolher o mamífero para estudos. Cachalote-pigmeu encontrado morto em praia de Calçoene, no litoral do Amapá
Natanael Rocha/Arquivo Pessoal
O Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) confirmou nesta quinta-feira (27) que o encalhe do cachalote-pigmeu na praia do Goiabalinho, em Calçoene, foi o primeiro registro de encalhe dessa espécie na costa Amazônica. O mamífero, que apareceu morto, pertence à família dos golfinhos, mas geralmente é confundido como baleia, por conta do tamanho.
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 Amapá
O animal media 3 metros de comprimento e já estava em estado avançado de decomposição quando foi encontrado por um morador da região.
Claudia Funi, coordenadora do Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC), explicou que os cachalotes-pigmeus vivem em águas profundas e o encalhe na costa amapaense fornecerá ao projeto mais detalhes sobre a espécie, que é considerada rara.
“Para a ciência, a importância é gigante. É um animal raro, que é difícil até em outros locais do mundo terem acesso a um espécime desse encalhado. Ele vive em águas profundas e é o primeiro para a região Amazônica. A gente vai pegar o material osteológico dele, material genético, que pode ajudar a gente a entender melhor essa espécie, inclusive a distribuição dela”, informou a pesquisadora.
De acordo com relatório do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), até 2023, o Brasil havia registrado apenas 5 encalhes de cachalote-pigmeu.
Pesquisadora Claudia Funi, durante análise de cachalote na praia do Goiabal, em 2024
Rafael Aleixo/g1
Para a coordenadora do projeto, que monitora encalhes de animais como baleias, botos e golfinhos, as características do encalhe indicam que o animal já chegou morto ao litoral.
“Ele, possivelmente, já chegou morto aqui, pois vive em águas profundas. Ele já está sob o impacto da maré e do sol há pelo menos três dias. Então, identificar a causa morte dele é algo que a gente não vai conseguir. Por exemplo, retirar a bula timpânica, a gente não consegue ver escoriações e o que a gente vai tentar é ver conteúdo estomacal também, porque pode trazer informações pra gente”, descreveu Funi.
O cahalote-pigmeu vai passar por vários processos no Iepa para limpeza e retirada de materiais para integrar a coleção científica do Amapá.
Diferença dos cahalotes
Cachalotes
AMANDA COTTON/PROJETO CETI via BBC
O cientista ambiental Roginey Silva destacou que umas das maiores diferenças entre os cachalotes-pigmeus e cachalotes comuns são o tamanho e a expectativa de vida.
“Quando adultos, os cachalotes comuns podem chegar até 20 metros de comprimento e viverem até cerca de 40 anos. Já os pigmeus podem ter até 4 metros e vivem por volta de 23 a 25 anos”, disse.
Cachalote-pigmeu
Segundo o ICMBio, a espécie Cachalote-pigmeu pertence à ordem dos cetáceos (baleias, botos e golfinhos) e possui características como presença dentes e apenas um orifício respiratório. Os animais habitam águas costeiras e oceânicas.
A espécie ocorre preferencialmente ao largo da plataforma continental em águas tropicais e temperadas, podendo ser avistada solitária ou em pequenos grupos de até 6 indivíduos. Existem muito poucas informações sobre a espécie, fazendo com que ela seja classificada como contendo dados insuficientes (DD) para categorização de seu status de conservação.
Sobre o projeto PCMC
Filhote de cachalote morto encalha na praia do Goiabal, em Calçoene
Realizado deste o ano passado, o projeto foi uma exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estabelecida no processo de licenciamento ambiental da pesquisa marítima para levantamento de dados geológicos da TGS nas bacias do Pará-Maranhão e Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.
As atividades incluem o monitoramento de praias – para atuar e analisar encalhes de baleias, botos e golfinhos – e ações de educação ambiental em comunidades locais.
O projeto disponibiliza números para acionamento em casos de encalhe de animais marinhos: (96) 99206-3344 e (96) 99116-3712.
📲 Siga as redes sociais do g1 Amapá e Rede Amazônica: Instagram, Facebook e X (Twitter)
📲 Receba no WhatsApp as notícias do g1 Amapá
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Amapá
VÍDEOS com as notícias do Amapá:
Adicionar aos favoritos o Link permanente.