Produtores do Sul de MG tentam combater bactéria que impede o desenvolvimento da ponkan


O greening impede o desenvolvimento da fruta, faz a produtividade cair e pode causar grandes prejuízos. Produtores tentam combater bactéria que impede o desenvolvimento da ponkan
Uma doença difícil de ser controlada tem impactado cada vez mais os pomares de ponkan no Sul de Minas. O greening impede o desenvolvimento da fruta, faz a produtividade cair e pode causar grandes prejuízos.
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Quem olha a fruta assim, aparentemente atrativa, a casca grossa e levemente enrugada em tons de amarelo, quase laranja, nem imagina que na mesma plantação tem outras tão danificadas e muitas até já perdidas no chão. Tudo causado por uma doença chamada greening.
“Ela começa bem devagarinho, a pessoa acha que está controlando e aos poucos ela toma, ela explode. É incrível. Nós temos aqui em nossa região há uns dez anos. Até o ano passado a gente controlou razoavelmente bem. Esse ano realmente ela explodiu”, disse o produtor rural José Maria de Carvalho.
Produtores do Sul de MG tentam combater bactéria que impede o desenvolvimento da ponkan
Reprodução EPTV
No sítio do Seu José, na zona rural de Campanha, são 25 hectares com 17 pés de ponkan plantados. 60% da produção foi afetada. Resultado disso é a queda na produtiva idade do ano passado.
“Eu ano passado cheguei até a erradicar pés com frutas para diminuir o inóculo da doença, mas eu perdi a fruta que estava no pé no intuito de diminuir o avanço e não adiantou nada. Infelizmente, eu tomei prejuízo”, completou.
O greening é uma doença transmitida por um mosquito parecido com o Aedes aegypti. A bactéria atinge o sistema circulatório da planta, deixando os pés com essas folhas amareladas e impedindo o crescimento dos frutos.
“Elas criam grandes colônias no vaso e ele entope. Então a seiva elaborada da planta não passa da parte das raízes para as folhas. Então os nutrientes não chegam, as folhas não chegam aos frutos, causando esse fechamento, essa diminuição dos frutos na planta, ficando no formato de cabacinha”, disse o engenheiro agrônomo Erton Renato Borges.
A contaminação dos pés acontece rapidamente, por isso o controle é ainda mais difícil. Quando uma planta está contaminada pela doença, não há muito o que fazer. A aplicação de inseticidas e outros produtos ainda não é o suficiente para paralisar os efeitos do greening. Por isso, é preciso erradicar a planta, ou seja, retirar o pé e evitar o novo plantio em áreas já contaminadas.
“Tem que tentar fazer um vazio sanitário nesse momento para tentar impedir o ciclo, por exemplo, do vetor, para ver se consegue diminuir um pouco a incidência aqui na região nossa”, completou o engenheiro agrônomo.
Produtores do Sul de MG tentam combater bactéria que impede o desenvolvimento da ponkan
Reprodução EPTV
E todas essas dificuldades no cultivo e a queda da produtividade impactam no preço da fruta no mercado em outros anos, nas épocas de colheita, uma caixa de ponkan era vendida por até R$ 12. Hoje o valor está em torno de 30 a 35 reais.
“Essa doença, mais as questões climáticas, Elas trazem um resultado negativo para o desenvolvimento produtivo das lavouras de mexerica ponkan”, disse o professor de economia rural da Ufla, Renato Fontes.
O vice presidente do Sindicato Rural de Campanha explica que ainda não existem soluções imediatas para o problema, mas o assunto está em discussão.
“Nós estamos buscando caminhos e soluções para alternativas para o produtor. Então, a própria Epamig incentiva na região a produção de uva, a produção de abacate e outras frutas que não sejam cítricas, para que o produtor tenha alternativas de substituição no futuro. Isso vai ter que ser feito de uma forma mais rápida. A cultura de cítricos, mantendo-se o quadro atual, não tem futuro, está condenada”, disse Rafael Arcuri Neto.
Na tentativa de ainda controlar a doença, o José, que também é agrônomo, faz testes de alguns produtos no pomar.
“A gente fica na expectativa de aparecer um produto que nos ajude de maneira efetiva realmente combater a doença. A gente está experimentando alguns produtos a fim de conviver com a doença, mas por enquanto, tudo fase inicial”, completou o produtor rural José Maria de Carvalho.
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