De carro do Acre para o Peru: g1 prepara guia para planejar uma viagem segura


O g1 pegou a estrada e percorreu os mais de 1 mil quilômetros de Rio Branco até Cusco, antiga capital do império Inca, e preparou um guia com os pontos mais importantes. Cruzando a Cordilheira dos Andes de carro é possível parar no acostamento e contemplar
Geisy Negreiros/Rede Amazônica Acre
Natureza exuberante com cachoeiras, rios, lagos, morros, montanhas rochosas, lhamas e toda a imponência da Cordilheira dos Andes. Não à toa, o Peru é um dos destinos mais buscados pelos acreanos para passar férias ou a virada de ano.
Somado a toda beleza e riqueza cultural, o Peru fica aqui do lado, fazendo fronteira com o Brasil na cidade acreana de Assis Brasil.
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Dados repassados ao g1 indicam que o posto de controle da Polícia Federal (PF) na fronteira de Assis Brasil registrou, entre 2024 e o início de 2025, mais de 117,1 mil atendimentos relativos à entrada e saída de turistas.
Desses, 60.615 correspondem à entrada no Brasil e 56.438 à saída. Entre os viajantes, destacam-se 45.184 brasileiros, 34.283 peruanos, 25.761 bolivianos e 5.958 venezuelanos, além de outras nacionalidades.
Para quem pensa em fazer essa viagem pela estrada do Pacífico, ou rodovia Interoceânica, como é conhecida, é importante se planejar para não passar perrengue.
🚗 O g1 pegou a estrada e percorreu os mais de 1 mil quilômetros de Rio Branco até Cusco, antiga capital do império Inca, e preparou um guia com os pontos mais importantes.
Cordilheira dos Andes é uma das paisagens que podem ser vistas em viagem do Acre ao Peru
👮🏽‍♂️ Imigração e documentação do carro
Antes de mais nada, é preciso passar pelo controle de fronteira dos dois países: informar a saída do Brasil no posto da Polícia Federal em Assis Brasil e a entrada no Peru, no posto de imigração de Iñapari. (Fique atento: a falta de registro migratório no Peru pode resultar em multa altíssima).
Para quem vai de carro, o governo peruano exige a contratação do Seguro Obrigatório contra Acidentes de Trânsito (Soat). Ele pode ser contratado em um ponto de venda ao lado da Superintendência Nacional de Administração Tributária (Sunat), que fica na mesma rua do posto de imigração, na fronteira, e o custo depende do modelo do carro.
📃 Outros documentos necessários
Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV) impresso.
CNH dentro da validade.
Se o proprietário do carro não estiver presente, é preciso uma procuração autenticada em cartório, autorizando outra pessoa a conduzir o veículo.
Para todos:
RG com validade de até dez anos ou passaporte dentro do prazo de validade.
O novo RG (que agora leva o número do CPF) é aceito para entrar no Peru, mas é possível que na imigração solicitem o documento antigo para provar a entrada anterior no país. (Fique esperto!).
Vacinas: não é exigido comprovante de nenhuma vacina para entrar no Peru.
Com sorte, é possível pegar neve na estrada
Geisy Negreiros/ Rede Amazônica
Seguro Viagem
Não é obrigatório, mas pode ser importante para garantir assistência médica em outro país. A maioria cobre despesas médicas, hospitalares, odontológicas, morte acidental, cancelamento de viagem e outros imprevistos. Eles custam em torno de R$ 150 por pessoa.
💰 Casas de câmbio
Na fronteira em Iñapari também é possível fazer a conversão do real para o novo sol peruano ou para o dólar. Há várias casas de câmbio ao longo da rua. O uso do dinheiro físico pode ser necessário em várias situações.
Iñapari, vila peruana e capital da província de Tahuamanu na região de Madre de Dios
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🌡️ ❄️🚘Do Acre para Cusco
É importante sair cedo de Rio Branco até a cidade de Assis Brasil, pela BR-317. Esse trajeto tem duração de cerca de quatro horas (a estrada do lado brasileiro tem trechos com buracos e mal conservados). De Assis Brasil até Puerto Maldonado, capital do departamento Madre de Dios, são mais quatro horas de viagem. Do lado peruano, a estrada tem ótimas condições e boa sinalização.
Como a viagem até a cidade de Cusco é longa e cansativa, o ideal é fazer o trajeto em dois dias, pernoitando em Porto Maldonado. A viagem de Porto Maldonado até Cusco (469 km) tem duração média de dez horas.
Pico Abra Pirhuayani a 4725 metros de altitude
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O tempo vai mudando drasticamente na estrada, saindo do forte calor de quase 40ºC para temperaturas de até 4ºC, dependendo da época do ano. Por isso, é importante levar roupas leves, casacos e meias para trocar no carro.
Um dos momentos mais emocionantes da viagem pela estrada é chegar ao Pico Abra Pirhuayani, que fica a 4725 metros de altitude, e é o ponto máximo da Cordilheira dos Andes. Com sorte, é possível pegar neve na pista em janeiro. Os meses mais frios do ano no Peru são julho e agosto.
Deslizamentos são comuns ao longo da estrada
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🗻Mal de altitude e perigos na estrada
Após a cidade peruana de Mazuco, a paisagem começa a se transformar e a estrada vai ficando íngreme, sinuosa e estreita, com muitas curvas fechadas. Por isso, é fundamental que o carro esteja com a revisão em dia, pneus em boas condições e o condutor descansado.
Na subida, é comum que os viajantes sintam o “mal de altitude”, com náuseas, tontura, dor de cabeça e até falta de ar. Para aliviar os sintomas, é possível encontrar medicamentos para o desconforto em farmácias peruanas e oxigênio, em caso de necessidade. Os mais experientes indicam também beber o chá de coca ou mascar a folha, facilmente encontrada em mercados locais peruanos.
Neblina cobre a estada em direção a Cusco
Geisy Negreiros/Rede Amazônica
Na estrada é preciso ficar atento ainda aos riscos de deslizamento de pedras, o que pode obrigar uma parada inesperada para a limpeza da estrada. Além disso, há a possibilidade de animais, como cães, bois e ovelhas, atravessarem a via.
Próximo à Cordilheira dos Andes, uma densa neblina pode cobrir a estrada, comprometendo a visibilidade e exigindo ainda mais cautela.
Boneco de neve na estrada do Peru
Geisy Negreiros/ Rede Amazônica
🛣️ Pedágios
Há três pedágios ao longo da rodovia. O primeiro entre Iñapari e Porto Maldonado, outro após Porto Maldonado – que cobram em média 8,80 soles cada – e o terceiro após Mazuco, sem cobrança.
📢 Dirigir em Cusco? Melhor não!
Dirigir pelas ruas de Cusco pode ser uma verdadeira aventura. O trânsito é perigoso e caótico, as ruas são estreitas e os condutores peruanos buzinam sem parar. Além disso, quase não há locais para estacionar nas ruas.
Para não passar por esse transtorno, o recomendável é reservar uma hospedagem perto da Plaza de Armas e caminhar pelas belas ‘calles’ de Cusco ou pegar um carro por aplicativo ou mesmo um táxi. Os valores para pequenas distâncias custam em torno de 7 a 12 soles.
Em Cusco, também não é fácil encontrar hospedagens com estacionamento privativo, mas há garagens onde é possível deixar o carro pagando por hora ou diária.
✈️De Cusco a Lima
É possível seguir de carro de Cusco para a Lima, capital do Peru. Mas também dá para deixar o carro em um estacionamento privativo em Cusco e seguir até Lima de avião. A viagem dura pouco mais de 1h.
Para deixar o carro no aeroporto Internacional de Cusco, a diária custa 25 soles (última atualização feita em 16 de janeiro).
🚌 De ônibus para Cusco/Lima
A empresa Trans Acreana opera a maior rota de ônibus do mundo. A linha percorre 6.200 km saindo do Rio de Janeiro e cruza os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre, chega a Cusco e segue até Lima.
De Rio Branco o ônibus sai em direção a Cusco aos domingos, a partir das 8h e a passagem custa R$ 600. A empresa também faz o trajeto até Lima pelo mesmo valor.
VÍDEOS: g1
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