VÍDEO: Indígena isolado que fez contato com ribeirinhos retorna à aldeia em floresta no AM, diz Funai


Contato ocorreu na noite de quarta-feira (12), na comunidade ribeirinha às margens do Rio Purus, no sudoeste do Amazonas. A presença de povos indígenas isolados nessa região do estado foi oficialmente confirmada em 2021. Vídeo mostra momento em que indígena isolado faz contato voluntário com ribeirinhos no AM
O indígena isolado que fez contato voluntário com moradores da comunidade ribeirinha Bela Rosa, no município de Lábrea, retornou à aldeia de origem, localizada em uma região de floresta no sudoeste do Amazonas, na quinta-feira (13). A informação foi confirmada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na sexta-feira (14).
O contato ocorreu na noite de quarta-feira (12), na comunidade ribeirinha às margens do Rio Purus, localizada a cerca de cinco quilômetros da Base de Proteção Etnoambiental (Bape) Mamoriá Grande, entre os municípios de Lábrea e Pauini. A presença de povos indígenas isolados nessa região do estado foi confirmada oficialmente em 2021.
A Funai não informou a etnia do jovem nativo, apenas confirmou que ele pertence à Terra Indígena (TI) Mamoriá Grande. Ele chegou à comunidade ribeirinha por volta das 19h de quarta-feira, descalço e vestindo uma indumentária de fibras que cobria a região genital.
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Vídeos obtidos pelo g1 mostram a interação de um morador com o jovem indígena em um cômodo de uma casa, onde também estavam outros ribeirinhos. O homem apresentou como funcionava um isqueiro, e o indígena, impressionado, aprendeu a usar o objeto. Assista acima.
As gravações registraram ainda o esforço de ambas as partes para manter a comunicação. O indígena se expressava em um dialeto não identificado, enquanto os ribeirinhos tentavam se comunicar em português, utilizando gestos.
Por meio de nota, a Fundação Nacional do Índio informou que, logo após as interações com os ribeirinhos, o órgão foi acionado e o jovem indígena foi levado, por servidores da Funai, para a Base de Proteção Etnoambiental Mamoriá Grande, para garantir o isolamento sanitário e oferecer atendimento médico especializado.
Ainda segundo a Funai, na madrugada de quinta, equipes da Funai e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) partiram do município de Lábrea em direção à Bape Mamoriá.
A Funai também informou que ocorreu um encontro extraordinário do Grupo Técnico de Localização de Povos Indígenas Isolados (GTLII) para avaliar o caso. Durante a quinta-feira, foram realizadas duas reuniões de Sala de Situação, com a participação da Funai, da Sesai e do Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
Nessas reuniões, as ações a serem tomadas foram analisadas e definidas de forma conjunta. Além disso, o GTLII, vinculado à Coordenação-Geral de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (CGiirc), também se reuniu de forma extraordinária para discutir o caso.
Comunidade ribeirinha foi monitorada
Na tarde de quinta-feira, o jovem indígena retornou à floresta. Em seguida, uma equipe multidisciplinar da Sesai e da Funai foi até a comunidade ribeirinha onde o indígena isolado havia sido encontrado.
A Sesai avaliou a situação epidemiológica dos moradores, enquanto a Funai monitorou o território e orientou a população sobre as medidas de proteção ao povo indígena isolado da Terra Indígena Mamoriá Grande.
Para reforçar a proteção ao indígena e sua comunidade, duas equipes da Funai estão a caminho da Bape Mamoriá: uma da Frente de Proteção Etnoambiental Madeira-Purus (CFPE-MP) e outra da CGiirc. Uma equipe da Sesai também se juntará ao grupo. Elas permanecerão no local por tempo indeterminado, monitorando a situação.
A equipe da CGiirc contará com uma colaboradora indígena do povo Juma, experiente no monitoramento de povos isolados e fluente na língua Kawahiva, possivelmente a mesma etnia do jovem indígena isolado que teve contato com os ribeirinhos.
A Funai informou, ainda, que segue monitorando a situação e adotando medidas para proteger a Terra Indígena Mamoriá Grande.
Conheça a Terra Indígena Mamoriá Grande
Conforme a Funai, em 11 de dezembro de 2024 foi publicada a portaria de restrição de uso referente à área da Terra Indígena Mamoriá Grande. A medida foi um importante passo para proteger os povos indígenas isolados da região, cuja presença foi oficialmente confirmada pela Funai em 2021.
A área também conta com 20% do território sobreposto com a Reserva Extrativista (Resex) Médio Purus, que permite que os moradores daquela região colete e faça o uso dos recursos naturais de forma responsável, sem exaurir os recursos ambientais.
A Fundação ainda destaca que a área enfrenta ameaças que tornam a sua interdição imprescindível. São elas:
Especulação fundiária;
Conflitos locais, sob a forma de ameaças provenientes de moradores da Resex Médio Purus contra indígenas e servidores da Funai;
Ausência de respaldo legal para fiscalização.
“(A interdição) impede a exploração de recursos naturais e restringe o acesso de terceiros à área. A medida visa salvaguardar a vida dos indígenas isolados, extremamente vulneráveis a pressões externas e impactos ambientais”, explica a Funai sobre do decreto da interdição da Terra Indígena.
Localização onde houve contato entre indígena isolado e ribeirinhos
Arte: g1
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