Avó passa por transplante de rim no mesmo dia, horário e hospital de nascimento da primeira neta


Márcia Lima recebeu a ligação informando o encontro do doador compatível na noite anterior ao parto da pequena Esther. Ao todo, a idosa, que precisou passar por sessões semanais de hemodiálise em Juiz de Fora, enfrentou o problema renal por 15 anos. Márcia encontrou filha no pós-operatório e conheceu a primeira neta
Tainá Lima/Arquivo Pessola
“A Esther, minha neta, veio trazendo em um pacotinho um rim. Foi um encontro de vidas. O dia de nascer e renascer”, disse emocionada a vovó Márcia Martins Lima Miranda, que, no mesmo dia em que realizou o tão esperando transplante, celebrou também o nascimento da primeira neta.
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Os dois procedimentos aconteceram no mesmo dia e praticamente no mesmo horário, na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora.
Márcia, de 66 anos, moradora de Mar de Espanha, que, durante 10 anos, precisou fazer hemodiálise em Juiz de Fora, explicou como recebeu a notícia do encontro do doador compatível, no dia 29 de janeiro deste ano:
“Por volta das 21h recebi a ligação do meu médico, falando que tinha surgido um rim para mim. Ele falou que estava sob medida, porque não tinha quase nada de anticorpos e não teria problema de incompatibilidade, mas que precisava fazer o transplante rápido. Ele falou que teria que ser no dia seguinte e respondi que seria o dia do parto da minha filha e que eu não podia. Ele disse que esse rim era uma loteria e eu não deveria recusar. Minha voz começou a falhar e meu coração disparou”.
O parto de Esther, filha de Tamara, de 32 anos, a caçula de Márcia, estava agendado para o dia seguinte, no mesmo hospital onde a cirurgia de transplante poderia ser realizada.
Após conversas com o médico, Márcia e as filhas decidiram pelo procedimento. “Fiquei muito ansiosa. Acho que deixei de pensar no parto e fiquei só preocupada com minha mãe, porque durante todos esses anos eu e minha irmã sempre acompanhamos de perto a saúde dela. Minha preocupação era não estar perto da minha mãe. Era uma expectativa muito grande esse transplante”, revela Tamara.
Quase 15 anos de espera pelo doador
Márcia descobriu o problema de saúde há quase 15 anos:“Descobri que tinha um problema logo após o falecimento da minha mãe, quando fiquei com a imunidade muito baixa. Comecei a ter uma série de fatores, que elevaram todos os índices de toxinas no meu sangue”, contou.
Após 5 anos de tratamento convencional e acompanhamento com nefrologista, ela começou a apresentar falência dos rins e teve que começar a fazer hemodiálise. Por 10 anos, se deslocava de Mar de Espanha para Juiz de Fora três vezes por semana, para o procedimento de filtragem do sangue por aproximadamente 4 horas no HPS.
A avó Márcia Martins com a netinha Esther nos braços, após o duplo atendimento na Santa Casa de Misericória de Juiz de Fora
Nathália Fontes
O quadro se agravou diante do cenário de grave anemia:“Eu precisei tomar bolsas de sangue. Para quem toma bolsas de sangue, o problema do transplante fica mais restrito ainda, porque você adquire anticorpos de outras pessoas. Se eu recebesse naquela época o transplante, com certeza ele iria ser rejeitado. Então eu tive que ficar aguardando por 10 anos um rim”, explicou.
Após exames realizados no ano passado, ele soube que estava apta ao transplante. Mesmo assim, precisou esperar mais alguns meses até o encontro do doador compatível, do rim que veio de Ubá.
Sonho duplo da família
No tão esperado dia do parto e do repentino transplante, coube à Tainá, de 34 anos, acompanhar as cirurgias da mãe e da irmã:
“Foi um presente que a gente recebeu e a felicidade era muito grande. Ao mesmo tempo, tive um alívio muito grande, por todos aqueles anos de preocupação com o tratamento da minha mãe. Realmente, foi um dia muito especial e mágico”.
O transplante era o sonho da família, e ter a primeira netinha era o sonho da Márcia.
Família realizou sonhos com o transplante e o nascimento da primeira neta
Nathália Fontes
Como ambos foram realizados juntos, agora a família vai comemorar o nascimento de Esther e o ‘renascimento’ da avó no mesmo dia:
“Foi muita emoção ver minha mãe com minha filha. Tudo que eu mais queria era poder ver minha mãe com a neta dela. Agora ela vai poder aproveitar a neta com mais saúde”, contou Tamara emocionada.
“O nome da Esther vem de estrela e ela já chegou realizando desejos, que eu e minha irmã estávamos esperando há mais de 10 anos”.
Avó faz transplante de rim no mesmo horário e hospital do nascimento da neta
*estagiária sob supervisão da editora Juliana Netto
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