Após intercâmbio na China, professor medalhista do MA dá dicas para Olimpíada de Matemática


Rubens Lopes Netto, professor da rede pública em Anapurus (MA), foi um dos dez vencedores da primeira Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio. As inscrições para 2ª edição da olímpiada seguem até o dia 31 de maio de 2025. Professor medalhista do MA compartilha experiência de intercâmbio na China
Considerado um dos 10 melhores professores de Matemática do Brasil, Rubens Lopes Netto, do Centro de Ensino Deputado Júlio Pires Monteles, em Anapurus , embarcou em uma experiência transformadora: uma viagem de intercâmbio científico-cultural para Xangai, na China. A oportunidade veio após sua premiação com a medalha de ouro na Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr).
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A OPMBr reconhece e premia educadores que descomplicam a matemática. Na primeira edição, realizada em 2024, mais de 600 professores de escolas públicas e privadas de todo o país participaram da competição, e apenas dez conquistaram a medalha de ouro.
Agora, com as inscrições abertas para a segunda edição da OPMBr, o professor contou ao g1 sobre sua experiência na China e compartilhou dicas para colegas de profissão que desejam participar do projeto.
Rubens Lopes Netto, professor do MA medalhista na Olimpíada de Professores de Matemática, contou as diferenças no ensino entre Brasil e China
Arquivo Pessoal
Ensino valorizado desde o “berço”
Segundo o professor, ao chegar em Xangai, ele se deparou com uma realidade que impressionaria qualquer professor brasileiro. Para ele, o que mais chamou sua atenção foi a estrutura das escolas públicas, superior até mesmo à de muitas instituições privadas no Brasil.
Além da infraestrutura, a valorização da Matemática e das Ciências na cultura chinesa também chamou sua atenção.
“É impressionante como os alunos chineses parecem já vir de casa com uma percepção de que aquela aula é muito importante. Eles se mostram realmente comprometidos com as aulas e a aprendizagem, nitidamente dispostos a absorver o máximo do conteúdo passado pelo professor. Os chineses enxergam o professor como um mestre e as aulas, como uma oportunidade única”, destaca.
Para o professor, o sistema educacional e a cultura do país são fundamentais para o comportamento dos jovens em relação aos estudos. Ele explica que, na China, os alunos se preparam durante toda a vida escolar para dois exames importantes.
“A primeira é um exame para ingressar no Ensino Médio, na qual o aluno tem uma oportunidade única, não podendo repetir o exame, caso não consiga avançar na carreira acadêmica, seguindo então para os cursos vocacionais. A segunda é o GaoKao, que é o ‘Enem’ dos chineses, o Exame Nacional de Admissão à Faculdade, considerado o ‘vestibular’ mais difícil e concorrido do mundo. Eles não deixam e nem podem deixar para se preparar para o ‘vestibular’ apenas um ou dois anos antes.  Neste exame, que também só pode ser feito uma vez, os alunos precisam mostrar tudo o que aprenderam em 12 anos de estudo. Não existe segunda chance e nem segunda opção, é preciso ir bem neste exame para garantir seu futuro e conquistar os melhores empregos no país”, diz.
Metodologias chinesas no ensino da matemática
Durante a viagem, o professor teve acesso a metodologias que pretende aplicar em suas aulas e compartilhar com outros educadores nos workshops da OPMBr.
Segundo Rubens, na China, professores que estão no início da carreira recebem acompanhamento de um colega mais experiente, que atua como um mentor. Esse apoio pode durar do primeiro ano até os três primeiros anos de trabalho. Além disso, o professor iniciante pode assistir às aulas do seu tutor, e o tutor também acompanha as aulas do novato. Após as observações, eles discutem juntos estratégias para melhorar o ensino e aperfeiçoar a didática em sala de aula.
Professores medalhistas na OPMbr tiveram acesso à diversas metodologias educacionais na China
Divulgação/OPMbr
Depois, educadores da mesma disciplina e do mesmo nível de ensino se reúnem regularmente para trocar conhecimentos, estudar novas abordagens e planejar aulas. Tudo isso acontece sem a necessidade de supervisão de um coordenador de outra área.
Do ponto de vista da formação dos professores, Rubens também destaca a metodologia chamada de “Teaching Research Group”, por meio da qual os professores aprendem uns com os outros e se colocam em uma posição de aprendizado e aperfeiçoamento constante.
“Pela metodologia, os professores podem assistir às aulas uns dos outros, planejar em conjunto, refletir, discutir, opinar, trocar experiências e aperfeiçoar seus métodos. Tudo em busca de uma formação com equidade”, disse.
Como professor da rede pública de ensino, Rubens diz que é possível adaptar essas práticas ao ensino público no Brasil, resultando em efeitos a curto, médio e longo prazo. Durante a imersão, os professores também tiveram, ainda, a oportunidade de dar aula em uma escola chinesa.
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Dicas para professores que querem participar da OPMBr
Com as inscrições abertas para a segunda edição da OPMBr, Rubens incentiva professores maranhenses e de todo o Brasil a participarem. Ele reforça que a olimpíada “vai muito além de uma competição de conhecimento, pois avalia também práticas pedagógicas inovadoras”.
Entre as principais dicas para quem deseja participar, ele destaca:
👉 A OPMBr não é apenas uma olimpíada de conhecimento.
“Ela visa selecionar professores que se destaquem por meio de práticas exitosas que possam ser replicadas, para alavancar o ensino de Matemática em nosso país.”
👉 Desde a primeira fase, a avaliação vai além da prova escrita.
“Até a primeira fase, que consiste em uma avaliação escrita, avalia não só o conhecimento de conteúdos matemáticos, mas também o conhecimento pedagógico de conteúdos, e é avaliada por meio da TRI (Teoria de Resposta ao Item)”.
👉 A prática pedagógica e os resultados alcançados são essenciais.
“As outras duas fases abordarão sua prática pedagógica e os resultados alcançados, que é o mais gratificante dessa olimpíada, pois reconhece e premia todo o nosso trabalho ao longo dos anos de profissão.”
Como participar da olimpíada
Para se inscrever, basta ser professor de Matemática de qualquer escola pública ou particular do Brasil, acessar o site e preencher o formulário. As inscrições seguem até o dia 31 de maio de 2025.
Clique aqui e acesse o formulário
O processo de avaliação inclui três etapas. No mês de junho, os professores inscritos fazem uma prova online. Depois, os classificados precisam enviar um vídeo que demonstre o trabalho desenvolvido em sala de aula, abordando metodologias, experiências e resultados.
Na terceira etapa, os selecionados participam de uma entrevista com especialistas que, na primeira edição, incluiu, por exemplo, o ex-ministro Cristovam Buarque e os professores Eduardo Wagner e Jorge Lira, entre outros nomes de destaque na área de Educação e da Matemática.
Em novembro, serão conhecidos os premiados nas categorias bronze, prata e ouro. E os que conquistarem a categoria ouro serão premiados com uma viagem de intercâmbio científico e cultural a Xangai, na China, como na primeira edição.
Cronograma
Junho – Avaliação online;
Agosto – Avaliação dos vídeos enviados pelos professores;
Setembro – Entrevistas com o Conselho Acadêmico;
Novembro – Cerimônia de Premiação dos Vencedores;
Abril de 2026 – Intercâmbio dos Vencedores da OPMBr em Xangai.
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