
João Batista foi preso na cidade de Paraibano, em cumprimento a um mandado de prisão por outro assassinato. Segundo a Polícia Civil, há indícios de que o preso, também, seja o autor da morte de Adriana. Imagens mostram que terceira pessoa pode ter estado na casa de influencer morta em Santa Luzia (MA)
Reprodução/TV Mirante
Foi preso, na tarde desta sexta-feira (28), João Batista dos Santos, de 55 anos de idade, conhecido como “Bruno Macumbeiro”, que é suspeito de ter executado a influenciadora digital Adriana Oliveira, morta a tiros em Santa Luzia, no dia 15 de março.
João Batista foi preso na cidade de Paraibano, em cumprimento a um mandado de prisão em aberto por outro assassinato. Segundo a Polícia Civil do Maranhão, há também vários indícios de que o preso seja o autor da morte de Adriana.
“A gente tem muitos elementos que foram colhidos na investigação, que apontam pra participação do que foi preso hoje como o possível executor. A gente está numa fase agora de fazer algumas representações judiciais, pra que a gente possa confirmar o dado. Mas pela qualidade das informações que a gente já teve e que já checou, a gente acredita que esses dados são muito fortes e apontam pra participação dele. Podemos dizer que a gente o colocou na cena do crime”, explicou o delegado-geral de Polícia Civil do Maranhão, Manoel Almeida Neto.
O marido da influenciadora havia relatado à polícia que um homem teria invadido a residência do casal, atirado em Adriana e fugido em uma moto. As características do homem descrito por ele, segundo a polícia, são semelhantes as de um homem que aparece nas imagens trafegando em alta velocidade, em uma motocicleta preta, em uma avenida nas proximidades de onde a influenciadora digital morava. As imagens foram registradas no mesmo dia em que Adriana foi morta a tiros.
As investigações apontam que João Batista pode ser esse homem que aparece nas imagens.
Transferências bancárias e conversa entre os suspeitos
De acordo com o secretário de Segurança Pública do Maranhão, delegado Maurício Martins, outros indícios que apontam para a participação de João Batista no crime são supostas transferências bancárias entre o marido e sogro da vítima e o suspeito, além do registro de uma conversa telefônica entre eles.
“São transferências bancárias dos dois primeiros indivíduos que foram presos, um dia após o crime, para a conta de familiares do indivíduo que foi preso hoje. E, também, uma conversa telefônica que em certo momento eles preferiram parar a conversa, para manterem o diálogo de forma presencial, com medo assim de um suposto vazamento, de alguém ouvir aquela conversa. Então, esses são os principais pontos que nos levam a crer da participação desse indivíduo”, destacou o delegado Maurício Martins.
O delegado aponta, ainda, que João Batista, que mora na cidade de Santa Inês, também é acusado de matar outras duas pessoas em Pedreiras, com caracterísitcas de pistolagem.
“Anos atrás, praticou crimes na cidade de Pedreiras. Foram dois homicídios com características de pistolagem, portanto, já é indivíduo que tem envolvimento com crimes. E, aliados a esses indícios, nós fizemos uma representação pela terceira prisão dele, portanto, são três prisões que vão acontecer. Os dois cumprimento do mandado de prisão pelos crimes de homicídio da cidade de Pedreiras e mais um agora da influenciadora Adriana, que nós já nós já demos entrada e vamos dar cumprimento também”, explicou o secretário.
A Polícia Civil continua as investigações para chegar à motivação do crime. O que as investigações apontam, até agora, é que o feminicídio possa ter ligação com o relacionamento de Adriana.
“Os autores, que estão presos, são as principais pessoas que poderiam esclarecer, eles negaram. Mas a gente está buscando todos os elementos, ouvindo pessoas próximas ao casal, próximo a Adriana, parentes dela, que apontam pra essa motivação. E isso tudo a gente vai apresentar na conclusão do inquérito, brevemente, não vai demorar muito”, afirmou o delegado-geral Manoel Almeida Neto.
Marido e sogro da vítima estão presos
O marido da vítima, Valdiley Paixão Campos, e o pai dele, Antônio do Zico, sogro de Adriana, são os principais suspeitos do crime
Reprodução/Redes Sociais
Desde o domingo (16), o marido de Adriana, Valdiley Paixão Campos e o sogro dela, Antônio Silva Campos, conhecido como Antônio do Zico, foram presos pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento no crime.
Contradições nos depoimentos e análise de imagens de câmeras levaram a Polícia Civil do Maranhão a prender os dois como suspeitos. Além disso, em áudios, a vítima relatou estar “trancada” em casa com medo do sogro.
Entenda:
Pai e filho estão presos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. Ao g1, o advogado de defesa de Valdiley Campos Paixão e Antônio do Zico alega que os dois são inocentes (veja mais abaixo).
A polícia trata o caso como feminicídio, devido à gravidade das circunstâncias envolvendo a morte de Adriana. A motivação do crime ainda é investigada.
Áudios da influenciadora revelam medo após visita suspeita do sogro
Em áudio, influenciadora assassinada fala de visita estranha do sogro
Trechos de áudios enviados pela influenciadora a pessoas próximas mostram medo e desconfiança da vítima após uma visita feita pelo sogro à casa dela, dias antes do crime.
Nos trechos, Adriana relata que o sogro dela, conhecido como Antônio do Zico, foi até sua casa acompanhado de um homem desconhecido para olhar um caminhão estacionado próximo a casa da influenciadora. Segundo a vítima, o sogro não teria falado com ela e, ao ver ele acompanhado do homem, ela conta que achou que o sogro havia levado “um capanga para matar ela”, diz Adriana em um trecho do áudio.
“Ele [o sogro] não falou comigo primeiro, parou lá perto do caminhão. Ai desceu um homem mais com ele. Aí eu falei ‘pronto, trouxe um capanga para me matar mesmo’. Os dois ficaram arrodeando o caminhão, mas muito desconfiado os dois, ‘fia'”, relata Adriana.
Em outro trecho, a influenciadora diz ter ficado com medo da atitude suspeita e, por isso, teria se trancado dentro de casa. Adriana Oliveira também alega que achou que o sogro e o homem estariam checando se havia câmeras de segurança no muro da casa onde ela vivia.
“Eu tô até agora presa aqui dentro de casa porque eu não achei, eu não achei, assim, que foi só pra ver o caminhão, não. Ele desceu, e eu, para mim, filha, acho que ele estava ‘curiando’ se tinha câmera olhando o muro”, disse a influenciadora em outro trecho.
Testemunha diz ter ouvido disparos e voz feminina
Uma testemunha ouvida pela Polícia Militar do Maranhão na última segunda-feira (24) relatou ter escutado vozes altas seguidas de disparos de arma de fogo na casa da influenciadora digital.
A testemunha afirmou em depoimento ter ouvido um disparo de arma de fogo, seguido por uma voz feminina, que seria de Adriana, perguntando: “Mas amor, por que tão fazendo isso comigo?”, e, em seguida, mais três disparos. Depois, ouviu uma voz masculina vindo de dentro da casa, dizendo: “Ó meu Deus, ó meu Deus”.
Testemunha relata ter ouvido disparos que mataram influenciadora em Santa Luzia
O comandante da Polícia Militar de Santa Luzia, Capitão Lucas Protásio, confirmou as informações prestadas pela testemunha, que se apresentou espontaneamente à polícia.
“Uma testemunha nos procurou, informou que é um dos vizinhos da vítima e que, no dia do crime, escutou vozes altas e, posteriormente, um disparo de arma de fogo. Depois, escutou uma voz feminina falando: ‘mas amor, por que tão fazendo isso comigo?’ Depois, passaram alguns segundos e ele escutou três estampidos de arma de fogo e uma voz masculina vindo de dentro da casa, falando: ‘ó meu Deus, ó meu Deus’. Depois de alguns minutos, já escutou várias pessoas na residência, que foi quando todo mundo já ficou sabendo”, relatou o capitão da PMMA.
Além disso, no fim de semana, outro homem que inicialmente se apresentou como testemunha passou a ser considerado suspeito. Ele havia afirmado não conhecer o sogro de Adriana, mas a polícia confirmou que havia uma ligação entre eles. O homem foi liberado após prestar novo depoimento.
SAIBA MAIS SOBRE O CASO:
Influenciadora digital é morta a tiros em Santa Luzia, no MA
Caso Adriana Oliveira: marido e sogro são presos pelo assassinato da influenciadora, em Santa Luzia
Em áudio, influenciadora relatou que estava trancada dentro do quarto antes de ser morta no MA
Contradições em depoimento e análise de câmeras levaram a polícia a prender marido e sogro de influenciadora morta
Sogro e cunhado da vítima já foram presos pela morte de fazendeiro no interior do MA
Sogro e cunhado da influenciadora Adriana Oliveira foram inocentados da acusação pela morte de fazendeiro no MA por falta de provas
O que diz a defesa dos suspeitos?
Em nota ao g1, Irandy Garcia, advogado de defesa de Antônio do Zico e Valdiley Paixão diz que as acusações são precipitadas e lamentou o uso de vídeos falsos que circulam nas redes sociais que prejudicam a apuração correta do caso.
O advogado diz ainda que a defesa vai conseguir provar a inocência dos suspeitos e nega a narrativa de uma suposta relação conturbada entre o casal (leia a nota na íntegra abaixo).
Nota do advogado de defesa de Antônio do Zico e Valdiley Paixão
“A defesa dos custodiados pela morte de Adriana Oliveira lamenta profundamente as acusações precipitadas. O advogado Irandy Garcia ressalta a necessidade de que a Polícia siga na busca pelo verdadeiro atirador e explore todas as linhas de investigação, especialmente aquelas relacionadas às possíveis rotas de fuga utilizadas pelo motoqueiro.
O advogado também lamenta o uso indevido das imagens oficiais do corpo da vítima, que ficaram disponíveis antes da decretação do sigilo. E alerta sobre vídeos falsos que circulam nas redes sociais sobre o caso, que fomentam as distorções da realidade e prejudicam a correta apuração do caso.
Por fim, a defesa reitera que vai provar a inocência dos acusados e repudia veementemente a narrativa de uma suposta relação conturbada entre o casal. A defesa segue aguardando os laudos periciais dos telefones, fundamentais para esclarecer os fatos.”
O crime
Influenciadora Adriana Oliveira foi morta a tiros em Santa Luzia
Arquivo pessoal
A influenciadora Adriana Oliveira, de 27 anos, foi morta a tiros dentro de sua casa na noite de sábado (15), em Santa Luzia (MA). Segundo a Polícia Militar do Maranhão (PM-MA), o marido de Adriana estava em casa no momento do crime.
À polícia, Valdiley Paixão Campos relatou que o criminoso chegou em sua casa em uma moto, depois atirou contra Adriana e fugiu do local. O companheiro de Adriana não foi atingido pelos disparos. Após o crime, ele chamou a polícia, que foi até o local para prestar assistência.
Quem é Adriana Oliveira, influenciadora assassinada a tiros em Santa Luzia, no MA
Após a morte da influenciadora, o marido e a cunhada da vítima chegaram a ser ouvidos pela polícia, mas foram liberados. Com novos indícios sobre o caso, ele e o pai foram presos ainda no domingo (16).
O caso gerou muita comoção, já que a vítima trabalhava como influenciadora digital e era muito popular na cidade. Nas redes sociais, ela tinha mais de 29 mil seguidores e compartilhava detalhes de sua rotina e de seus trabalhos.