Conheça o ‘Ritual da Tucandeira’ que marca a passagem da adolescência para vida adulta feito pelo povo Sateré-Mawé no AM; VÍDEO


Jovens calçam uma luva feita de palha, com diversas formigas da espécie que dá nome ao ato e precisam resistir ao processo. Conheça o ‘Ritual da Tucandeira’ que marca a passagem da adolescência para vida adulta
Duzentos e oitenta indígenas do povo Sateré-Mawé vivem na aldeia Vila Batista, em Parintins, no Amazonas. O povo tem a tradição de realizar um rito que marca a passagem da adolescência para a vida adulta, chamado “Ritual da Tucandeira”. Para isso, os jovens calçam uma luva feita de palha, com diversas formigas da espécie que dá nome ao ato e precisam resistir ao processo. Assista ao vídeo acima.
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Para que o ritual aconteça, os indígenas pegam formigas tucandeiras – que possuem veneno capaz de causar febre alta por dias – e as colocam em uma luva para que o jovem as coloque na mão durante o ato. Até completarem a maioridade, os indígenas Sateré-Mawé precisam fazer o ritual 20 vezes.
Conheça o ‘Ritual da Tucandeira’ que marca a passagem da adolescência para vida adulta feito pelo povo Sateré-Mawé no AM.
Secom
As formigas são capturadas na mata no dia do ritual e colocadas em uma cerâmica com água e folhas de cajueiro. A mistura faz com que elas fiquem anestesiadas para então iniciar o preparo das luvas.
Chamadas de “Tipiti”, as luvas são feitas de palha de tucumã, fruto típico da Amazônia, com espaços para encaixar as formigas. Elas ficam com os ferrões voltados para o interior da luva.
Chamadas de “Tipiti”, as luvas são feitas de palha de tucumã com espaços para encaixar as formigas.
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Após o preparo do tipiti, elas são encaixados nas luvas do ritual, ornamentadas com penas de arara e gavião real, duas aves que representam a etnia. Para acordar as formigas e deixá-las novamente ferozes, é baforado tabaco nos insetos.
Para serem declarados guerreiros, conforme a tradição, os jovens dançam durante 30 minutos usando a luva com formigas tucandeiras e precisam aguentar a dor.
Para serem declarados guerreiros, conforme a tradição, os jovens dançam durante 30 minutos usando a luva com mais de cem formigas tucandeiras.
Ruthiene Bindá/Rede Amazônica
O ritual é uma tradição passada de geração em geração que se mantém viva até os dias de hoje. Nildo é indígena da etnia Sateré-Mawé e explica que, além de prova de bravura para os jovens, o ritual teve início como uma forma de cuidar da própria saúde.
“Começou com os antigos que acharam que isso movimenta a saúde.[…] Na verdade isso é remédio que controla todas as doenças pequenas”, explica.
O indígena reforça que os antepassados da etnia entendiam que o veneno da formiga tem poder de cura devido ao inseto se alimentar de folhas e frutos naturais utilizados pelos povos originários como remédio.
Formiga tucandeira
A formiga tucandeira (Paraponera clavata), usada no ritual dos Sateré-Mawé, chega a medir 2,5 cm de comprimento. Além da dor intensa e que pode durar por mais de 18 horas, a ferroada pode provocar náuseas e vômito.
Ferroada da formiga tucandeira pode provocar náuseas e vômito.
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Durante o ritual, mais de cem tucandeiras são colocadas em cada luva. Estas formigas acabam morrendo após a prática.
Para serem declarados guerreiros, conforme a tradição, os jovens dançam durante 30 minutos usando a luva com mais de cem formigas tucandeiras
Ruthiene Bindá/Rede Amazônica
*Com informações de Ruthiene Bindá, da Rede Amazônica
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